Cabanagem é o primeiro capítulo do projeto Rastros, Traços e Vestígios.

A Cabanagem foi uma das maiores revoltas ocorridas na História do Brasil. De 1835 a 1840, tomou toda a região amazônica e causou mais de 30 mil mortes. Apesar disso, sua história é virtualmente desconhecida no país.

Para realizar Cabanagem, André percorreu, em 2015, parte do estado do Pará, visitando, entre outras localidades, Belém, Acará, Vila de São Francisco Xavier, Cametá, Vigia e a Ilha de Tatuoca. Partindo de uma longa pesquisa historiográfica, o artista buscou, nos lugares visitados, evidências factuais e metafóricas do movimento Cabano.

Todas as imagens que compõem este trabalho têm, de uma forma ou de outra, conexões com a história cabana e com suas consequências para o tempo presente.

Cabanagem contém, além das imagens dos lugares visitados, imagens reproduzidas de um jornal local que o artista comprou diariamente durante a realização do projeto. Estas imagens, sempre do caderno policial, fazem uma conexão entre a violência do passado e do presente, na região.

André fez também retratos de pessoas que encontrou na viagen, sendo que quinze delas contaram a ele suas versões da história da revolta. Estas falas foram compiladas em um vídeo de longa duração que acompanha a exposição das fotos.

O vídeo, que não mostra o rosto dos participantes mas somente vistas do local de onde falam, foi montado a partir de uma premissa: conter as falas em sua totalidade, evitando assim o gesto da edição.

A sua duração, que pode variar entre 10 e 12 horas – com a inserção, entre as falas, de cenas de chuva capturadas durante a viagem – é ajustada para ser igual ao tempo em que o espaço expositivo fica aberto ao público. Esta decisão faz com que o vídeo nunca seja exibido em loop e que a cada hora se escute um versão diferente da história cabana.

Cabanagem foi lançado pela editora Madalena em 2015 e é uma publicação composta por dois livros e um jornal, que vem em um envelope de documentos.

O primeiro livro tem capa verde e contém fotos dos lugares visitados pelo artista e também as imagens de jornal. Este livro contém uma edição circular onde se repetem motivos como natureza, lugares destruídos, burocracia, religião e violência, fatos constantes na história da região.

O segundo livro tem capa vermelha e mostra os retratos de pessoas com quem o artista conversou, rostos comuns da região amazônica.

Por fim, o jornal reproduz um texto escrito pela historiadora Magda Ricci, que explica o contexto do movimento cabano, sem porém fazer referiencia ao trabalho de André.